quarta-feira, 15 de julho de 2015

FAMÍLIA DE ALUNO COM TRANSTORNO REVERTE REPROVAÇÃO ESCOLAR NA JUSTIÇA...

Aprovado: Aluno com transtorno reverte reprovação na Justiça

Fernando (nome fictício), 17, tem dificuldades na escola desde os 9 anos de idade. No ano passado, foi reprovado no tradicional colégio particular Oswald de Andrade, na zona oeste de São Paulo. Ao mudar de escola, descobriu que sofre de transtorno de atenção. E conseguiu na Justiça reverter a retenção.
Até ele chegar ao 2º ano do ensino médio do colégio Mackenzie, porém, houve brigas em diversas instâncias, avaliações divergentes e ressentimento com o antigo colégio.
"Como uma escola como o Oswald não percebe que o meu filho tem um problema desse?", questiona a publicitária Simone, 42. "Eles simplesmente o reprovaram e brigaram até o fim para mantê-lo reprovado."
Fundado há mais de 30 anos, o colégio diz que não houve erro em seu procedimento. Sua posição teve o respaldo do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.
Ernesto Rodrigues/Folhapress
O aluno, hoje no 2º ano do ensino médio, junto aos pais
O aluno, hoje no 2º ano do ensino médio, junto aos pais
DISPUTA
A disputa começou no fim de 2014, quando a escola informou à família de Fernando que ele havia sido reprovado por não ter atingido a nota mínima (6) em 12 das 16 matérias do 1º ano do médio.
A família pediu reconsideração, alegando que as notas estavam melhorando, ainda que abaixo do exigido.
O conselho de classe, que poderia aprová-lo, confirmou a reprovação. Reconheceu que ele se esforçava cada vez mais, mas havia "lacunas de conteúdo acumuladas em anos anteriores que não devem ser ignoradas".
Sua média final em artes e educação física ficou próxima de 9. Mas em matemática foi 3 e, em geografia, 4.
A família recorreu à diretoria regional de ensino, órgão do governo do Estado responsável pelas escolas particulares. A instituição determinou que Fernando deveria passar.
Um aspecto formal pesou para a decisão: o estudante havia sido reprovado no dia 28 de novembro, antes da data final do ano letivo, em 18 de dezembro.
O desgaste fez os pais procurarem outra escola particular. Ficaram com o também tradicional Mackenzie, em Higienópolis (região central).
Com a decisão da diretoria de ensino vigente, ele foi matriculado provisoriamente no 2º ano do ensino médio.
No começo do ano letivo, a equipe pedagógica da escola aconselhou que Fernando passasse por avaliação neuropsicológica. Ele demonstrava interesse pelas aulas, mas dificuldade e falta de concentração em outros momentos.
Paralelamente, o Oswald recorreu ao Conselho Estadual de Educação, instância superior à diretoria de ensino. Em março, o conselho referendou a decisão do colégio, de reprovar o estudante.
"Não nos cabe avaliar a situação de cada aluno, mas sim se houve alguma infração. Nesse caso, o regimento da escola foi cumprido", afirmou o presidente do conselho, Francisco Carbonari.
Dias depois, saiu o relatório médico de Fernando, atestando que ele sofre de transtorno de atenção sem hiperatividade. O jovem começou a tomar medicamento para tratamento de deficit de atenção.
Parte da comunidade médica entende que há uso exagerado desses remédios pelos adolescentes, o que pode gerar dependência.
No caso de Fernando, o laudo diz que o tratamento teve "repercussão positiva".
"Desde que ele tinha 9 anos eu via dificuldades, mas achava que era só um menino preguiçoso. É duro saber só agora desse problema", diz a mãe do estudante.
A advogada Claudia Hakim usou o relatório médico para pedir à Justiça que mantivesse Fernando no 2º ano no Mackenzie, apontando que o aluno não havia tido conhecimento do transtorno até então, tampouco tratamento.
Além disso, o documento apontava que poderia haver regressão no quadro se ele tivesse de voltar ao 1º ano do ensino médio –já estava diagnosticada também uma depressão leve do aluno. A Justiça acatou o pedido liminarmente (provisoriamente).
Sob tratamento, Fernando conseguiu atingir a nota mínima (6) em sete das 14 matérias no primeiro trimestre.
O Oswald, por meio de nota, afirma que as decisões tomadas no caso foram corretas, "ante o quadro apresentado pelo aluno".
Diz também que "não comenta questões envolvendo ex-alunos ou metodologias educacionais seguidas em outros estabelecimentos".
O colégio Mackenzie afirma que o desempenho de Fernando é compatível com o seu quadro. Segundo a escola, "trata-se de aluno que está se adaptando ao colégio e precisa de atendimento diferenciado. O atendimento está sendo oferecido e esperamos que ele apresente melhor desempenho em breve".
*
CRONOLOGIA
28.nov.2014
Família é informada da reprovação e pede reconsideração ao colégio
2.dez.2014
Conselho de classe do Oswald de Andrade decide manter a reprovação
11.dez.2014
Família pede à diretoria regional de ensino para repensar sobre o caso
18.dez.2014
Fim do ano letivo no colégio Oswald de Andrade
26.jan.2015
Diretoria regional de ensino se manifesta a favor da aprovação. É, também, início do ano letivo no colégio Mackenzie, no qual o aluno está matriculado
18.mar.2015
Conselho Estadual de Educação aceita pedido do Oswald de Andrade para manter a reprovação dele
6.mai.2015
Laudo médico aponta que aluno tem transtorno, e que a reprovação poderia prejudicá-lo
18.mai.2015
Com uso do laudo médico pela advogada, Justiça determina que o estudante continue no 2º ano 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

BIPOLARIDADE...

Meu Filho Tem um Problema

Entenda o que é e como lidar com a bipolaridade na infância

Crianças que têm o transtorno vivem uma gangorra de emoções

19/06/2015 - 16h03min
Entenda o que é e como lidar com a bipolaridade na infância Arquivo Pessoal/Divulgação
Os desenhos que ilustram esta e outras reportagens da série Meu Filho Tem um Problema foram feitos pelas crianças e pelos adolescentes que têm suas histórias relatadasFoto: Arquivo Pessoal / Divulgação
As crianças que m o transtorno bipolar são invadidas por uma montanha-russa desentimentos sem que possam, muitas vezes, compreender exatamente o que estão sentindo. Caracterizada pela oscilação entre períodos de extrema euforia e outros de depressão, a bipolaridade até pouco tempo era considerada uma doença de adultos. Mas estudos recentes começaram a apontar que o transtorno pode aparecer ainda na infância, e de forma mais frequente do que se imaginava. É o que concluiu uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos e publicada na revista Archives of General Psychiatry. Após realizar mais de 10 mil entrevistas com adolescentes entre 13 e 18 anos, os pesquisadores descobriram que uma média de 2,5% desses jovens teve episódios de mania e de depressão nos últimos 12 meses e preencheu os critérios para o diagnóstico do transtorno. Ainda que não haja um estudo em grande escala sobre a prevalência da bipolaridade na população infantil, estudiosos estimam que ela atinja até 2% de crianças e adolescentes ao redor do mundo. Um número preocupante, segundo especialistas em transtornos infantis.
— Atualmente, o que se sabe é que de 20% a 40% dos adultos com o transtorno já apresentavam sintomas quando criança. Essa informação é muito importante, pois, o quanto antes o problema for tratado, menores são os prejuízos que a pessoa tem ao longo da vida — explica Silzá Tramontina, psiquiatra de crianças e adolescentes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
A influência do ambiente
O que determina a probabilidade de uma criança ser bipolar e quais os fatores que desencadeiam o transtorno ainda não são questões totalmente esclarecidas pela ciência. Para muitos especialistas, são os genes os responsáveis por essa predisposição.
Pais que apresentam quadros de bipolaridade ou de depressão teriam chances muito maiores de ter filhos com os transtornos. Mas o ambiente em que a pessoa vive teria um papel fundamental: seria o empurrãozinho a quem está prestes a entrar nessa montanha-russa.
A infância é um período onde a mente é altamente moldável, e a quantidade de estímulos a que os bebês e as crianças estão expostos atualmente, com cores, cheiros, desenhos e barulhos, poderia explicar parte dos diagnósticos.
Pressões como a obrigação de aprender dois ou três idiomas, ser bom em algum esporte, sabe pintar e ainda tirar as melhores notas na escola podem induzir os jovens a desenvolver um temperamento mais confuso, impaciente, frenético e pouco persistente. Esse é um padrão de comportamento em bipolares.
— As principais hipóteses sobre o surgimento desse transtorno relacionam fatores genéticos ligados a alterações químicas no cérebro dessas crianças, como por exemplo, o aumento de substâncias chamadas noradrenalina e dopamina, que influenciam diretamente no comportamento — explica Gustavo Teixeira, psiquiatria da infância e adolescência e autor de livros sobre o tema.
Vaivém intenso
Crianças bipolares experimentam variações de humor semelhantes a dos adultos com o transtorno, mas nem sempre da mesma forma e intensidade. Isso causa confusão em muitos pais, que acreditam se tratar de "coisas típicas da idade". Frequentemente, jovens bipolares têm períodos de extrema irritabilidade e acabam sendo mais agressivos com familiares e colegas, prejudicando o convívio social. Uma das questões a ficar atento é a incapacidade que muitos deles apresentam em controlar seus acessos de raiva e ansiedade, colocando a si e aos outros em situações de risco. Silzá Tramontina explica que entre 25% e 45% dos adolescentes com o diagnóstico de transtorno bipolar tentam o suicídio.
— O risco é maior durante os episódios mistos e depressivos e, por isso, os pais devem ficar de olho — alerta.
Conforme o psiquiatra de crianças e adolescentes Andre Kohmann, do Hospital Santa Casa de Porto Alegre, as crianças costumam apresentar uma conjunção de sintomas como impulsividade, irritabilidade e dispersão, e podem variar de humor de forma muito mais rápida e intensa que os adultos. Em um mesmo dia, explica, podem apresentar períodos de euforia e outros de apatia e baixa autoestima:
— As formas como os sintomas costumam aparecer também são diferentes. Por exemplo, enquanto um adulto bipolar pode querer mandar ou mesmo agredir o próprio chefe se estiver grandioso e eufórico, uma criança nessa situação pode brigar com o professor sobre como é o jeito certo de dar aula para a turma, ou andar perigosamente de skate na contramão dos carros por achar que nada de mal acontecerá a ela.
Atenção aos sinais
Crianças com transtorno bipolar costumam apresentar...
... na euforia:
— Períodos de muita energia, podendo durar um dia todo ou chegar até mesmo a uma semana
— Humor e excitação elevados: uma felicidade excessiva, sem motivos, ou então irritação excessiva
— Comportamentos perigosos, como tentar pular de um carro em movimento ou então do telhado
— Assuntos de conversa com uma conotação de grandiosidade: tem superpoderes, ninguém pode com ele, todos têm de fazer o que ele mandar
— Pouca necessidade de sono
— Fala muito rápida, mudando rapidamente de um assunto para outro sem encerrar o primeiro
— Envolvimento em muitos projetos escolares e em muitas atividades no geral, sem aparentar cansaço
... na depressão:
— Humor deprimido ou irritável na maior parte do dia
— Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades
— Perda ou ganho significativo de peso
— Fadiga ou perda de energia
— Agressões a terceiros ou a si mesmo, podendo tentar o suicídio
O que fazer
Pais que suspeitam da doença em seus filhos devem procurar profissionais da área, em especial os psiquiatras de infância e adolescência, para adequada avaliação. Em Porto Alegre, uma opção é fazer pedido ao posto de saúde para encaminhar ao Programa de Crianças e Adolescentes Bipolares do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
O tratamento
Quando a criança é diagnosticada com transtorno bipolar, um conjunto de terapia com medicamentos é indicado. Normalmente, são usadas medicações que estabilizam o humor, e os atendimentos de psicologia, educação a respeito da doença, treinamento de pais e psicoterapia familiar também são importantes para bons desfechos. Quer dizer: o paciente e sua família se beneficiam muito do atendimento multiprofissional.

*Zero Hora

sexta-feira, 3 de julho de 2015

REPETIÇÕES E ESTEREOTIPIAS


Autismo: A tendência à repetição e as estereotipias

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Neste artigo encerramos a sequência de artigos sobre as estereotipias, característica típica do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Nos dois primeiros artigos sobre esse tema apresentei duas das possíveis causas desses comportamentos nessa população, são elas: 1) a restrição comportamental, ou seja, o fato de o autista não desenvolver naturalmente outros comportamentos que lhe proporcionem prazer (como, por exemplo, o brincar); e 2) a alteração sensorial, que faz com que os autistas recebam os estímulos sensoriais do ambiente de forma alterada (aumentada ou diminuída, prazerosa ou aversiva, etc.), o que pode levar a uma busca compulsiva por algumas estimulações sensoriais (por exemplo, ver objetos girarem, passar objetos no corpo, etc.).
Agora, fechamos esse assunto com a terceira possível causa do repertório estereotipado apresentado pelos portadores de TEA: a tendência à repetição propriamente dita que é um dos sintomas que compõem esse diagnóstico. Segundo o DSM-V, os autistas apresentam padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das seguintes maneiras: a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns; b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento; c. Interesses restritos, fixos e intensos.
Na prática, isso quer dizer que mudanças e situações novas geram medo, ansiedade, irritabilidade e podem evocar comportamentos disruptivos. Uma simples mudança de caminho para ir de casa até a escola pode ser o motivo para uma crise. Um banho fora de hora pode causar muito estresse. Por isso, os autistas tendem a repetir a mesma rotina, os mesmos rituais e, também, os mesmos comportamentos.
Essa tendência à repetição aparece tanto em respostas motoras como, por exemplo, balançar as mãos, pular, girar objetos, etc., quanto em respostas verbais como, por exemplo, repetir muitas vezes frases que ouviu de alguém ou na TV (ecolalias tardias); responder às perguntas sempre com a mesma resposta; repetir o que o outro acabou de falar ou o final da frase dita pelo outro (ecolalias imediatas), etc.
Os interesses também são repetitivos e restritos. Os autistas verbais costumam falar sempre sobre os mesmos assuntos e ter poucos ou até um único tema de interesse. Assim, essas pessoas querem ler, falar, assistir e ouvir apenas sobre esse tema de interesse, o que atrapalha muito as interações sociais. Afinal, para interagir com outras pessoas é preciso ouvir o que elas querem dizer e não apenas o que queremos ouvir; também é preciso falar sobre o que elas querem ouvir e não apenas sobre o que gostamos de falar.
Alguns estudos (Boucher, 1977; Baron-Cohen, 1989; Gillberg, 2005) mostram que esse comportamento repetitivo ou estereotipado dificulta a aprendizagem e a adaptação ao meio social. Afinal, com um repertório comportamental restrito, é mais difícil que novos comportamentos ocorram uma primeira vez para serem reforçados e, assim, aprendidos. Por exemplo, se a criança passa a maior parte do seu dia enfileirando objetos, há menos chances de ela manipular um objeto corretamente para que o adulto possa reforçar essa resposta e, então, fortalecê-la em seu repertório. Por outro lado, se a criança emite diferentes respostas com um objeto, há mais chances de, em algum momento, ela emitir uma resposta adequada que poderá ser reforçada e, então, aprendida.
Por isso, estudos (Denney e Neuringer, 1998; Godoi, 2009; Goetz e Baer, 1973; Grunow e Neuringer, 2002; Holman, Goetz e Baer, 1977; Marçal, 2006; Miller e Neuringer, 2000; Neuringer, Deiss e Olson, 2000; Page e Neuringer, 1985) indicam a importância de incluir no tratamento de crianças com desenvolvimento atípico, técnicas voltadas para o aumento da variabilidade comportamental. Afinal, a ampliação do repertório comportamental favorece a seleção de comportamentos novos e adaptativos.
Segundo Denney e Neuringer (1998), a variabilidade é uma dimensão do comportamento operante. Sendo assim, como as demais dimensões do comportamento operante (duração, intensidade, frequência, etc.), a variabilidade comportamental também pode ser controlada pelas consequências que produz (Denney e Neuringer, 1998; Godoi, 2009; Page e Neuringer, 1985). Isso significa que podemos reforçar o variar (respostas novas e respostas diferentes das anteriores) e, com isso, aumentar a variabilidade, ampliando o repertório comportamental da criança.
O terapeuta pode reforçar o variar de diversas formas. Por exemplo, para ampliar a variabilidade verbal, o terapeuta pode fazer uma mesma pergunta ou dar uma mesma instrução várias vezes seguidas e só reforçar as respostas que forem diferentes das anteriores. Por exemplo, pode-se dar a seguinte instrução “Fale o nome de um animal.” várias vezes seguidas e só liberar o acesso ao reforçador quando a criança responder um animal diferente do que ela disse na tentativa anterior. Para gerar maior variabilidade o terapeuta pode exigir uma resposta diferente das 2 anteriores, depois diferente das 3 anteriores, e assim por diante. Na literatura esse esquema de reforçamento recebe o nome de LAG.
O terapeuta pode, ainda, estimular comportamentos motores variados no brincar. Por exemplo, numa brincadeira de lego o terapeuta pode estimular que, a cada tentativa, a criança monte algo diferente do que montou na tentativa anterior. Para isso, o terapeuta deve dar a instrução para a criança montar algo diferente e, se necessário, dar o modelo de como variar. Finalmente, o terapeuta deve reforçar apenas a construção de formas novas ou diferentes das construídas anteriormente. O mesmo pode ser feito na modelagem com massinha ou na construção com blocos.
Fora do contexto terapêutico, familiares e professores também devem estimular a variação nos comportamentos da criança com Autismo. Por exemplo, os pais devem se sentar à mesa em lugares diferentes todos os dias, estimulando a criança a fazer o mesmo. Pequenas mudanças na rotina devem ser feitas sempre, para que a criança não fique dependente de uma mesma sequência de atividades. Vale mudar o caminho para a escola; inventar uma refeição fora de hora e num local diferente no meio do dia; dar as peças de roupa para a criança vestir numa ordem diferente da que ela está acostumada; mudar móveis de lugar; etc. Na escola, o professor também deve estimular essa variação, mudando a criança de lugar sempre; inserindo atividades não planejadas na rotina; reforçando a variação nas atividades, por exemplo, pintar com cores diferentes, desenhar formas diferentes, modelar algo diferente com a massinha, etc.

Referências:

Baron-Cohen, S. (1989). Do autistic children have obsessions and compulsions? British Journal of Clinical Psychology, 28, 193-200.
Boucher, J. (1977). Alternation and sequencing behavior, and response to novelty in autistic children. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 18, 67-72.
Denney, J. & Neuringer, A. (1998). Behavioral variability is controlled by discriminative stimuli. Animal Learning and Behavior, 26, 154-162.
Gillberg, C. (2005). Transtornos do espectro do autismo. Trabalho apresentado no Auditório do InCor, São Paulo, SP.
Godoi, J. P. (2009). A produção de variabilidade comportamental e sua extensão para outras tarefas em crianças com desenvolvimento atípico. Dissertação de mestrado não publicada. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP.
Goetz, E. M., & Baer, D. M. (1973). Social control of form diversity and the emergence of new forms in children´s blockbuilding. Journal of Applied Behavior Analysis, 6, 209-217.
Grunow, A. & Neuringer, A. (2002). Learnig to vary and varying to learn. Psychonomic Bulletin and Review, 9, 250-258.
Holman, J., Goetz, E. M., & Baer, D. M. (1977). The training of creativity as an operant and an examination of its generalization characteristics. In: Etzel, B., Le Blanc, J. & Baer, D. M. (Eds). New Developments in Behavioral Research: Theory, Method and Application. Hillsdale, NJ: Erlbaum. 441-471.
Marçal, J. V. S. (2006). Introdução gradativa versus introdução completa de uma contingência de variação operante em crianças. Tese de doutorado não publicada. Universidade de Brasília, Brasília, DF.
Miller, N., & Neuringer, A. (2000). Reinforcing variability in adolescents with autism. Journal of Applied Behavior Analysis, 33, 151-165.
Neuringer, A., Deiss, C., & Olson, G. (2000). Reinforced variability and operant learning. Journal of Experimental Psychology: Animal Behavior Processes, 26, 98-111.
Page, S. & Neuringer, A. (1985). Variability is an operant. Journal of Experimental Psychology: Animal Behavior Process, 11, 429-452.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

EU APOIO E VOCÊ????

Educação Domiciliar, Você Apoia?




Atualmente venho escutando falar bastante sobre o ensino domiciliar, aquele método onde os estudantes não frequentam as escolas e recebem as aulas em casa. 

Nas reportagens muitos pais apoiam este ensino apontando vários motivos, como por exemplo, que a criança receberá maior atenção dos professores, não correrá perigo de sofrer bullying e alegam a condição física/mental das crianças com deficiência para não participarem das aulas convencionais.
Pensando nisso, perguntei para várias pessoas quais as opiniões delas, veja:


Bruna Kroth tem 23 anos e atualmente está cursando Psicologia. 
Bruna teve suas duas pernas amputadas quando tinha 
 2 anos de idade, devido meningite com vasculite.

"Eu sempre estudei em escola pública e atualmente faço graduação em uma faculdade privada. 


Não concordo com aulas domiciliares para pessoas com deficiência, pois todos temos os mesmos direitos e isso não é inclusão social.

Eu nunca sofri bullyin por parte dos colegas, mas sei que pode acontecer. Sofri exclusão por parte de alguns professores de educação física.

Essa questão, deverá ser enfrentada de cabeça erguida,não é fácil, mas ficar em casa não é a solução.

De repente, se as escolas fossem melhores preparadas, com professores auxiliares à disposição, o ensino domiciliar nem seria discutido."


Fatine Oliveira tem 31 anos e é formada em Publicidade. Ela é cadeirante devia a Distrofia Muscular. 


"Eu sempre estudei com outros alunos sem deficiência e isso foi super importante para mim, pois na escola fiz grandes amigas para vida. Hoje tenho amizades de 20 anos por causa dessa convivência. Sou formada em publicidade e apesar das dificuldades fiz meu curso presencial.

Claro que nem tudo foi tão fácil, demorei cinco anos para vencer a timidez e conseguir socializar com os colegas no ensino fundamental. Tinha muita vergonha e cheguei a fazer xixi na roupa uma vez por causa disto. Foi horrível. 

Contudo, são as dificuldades que nos fazem evoluir e foi necessário esforçar-me para conseguir vencer essas barreiras emocionais. 

Acredito que é fundamental para pessoa com deficiência saber lidar com esses percalços da vida, porque não é fácil lidar com o preconceito e se quisermos viver felizes e normalmente devemos enfrentar tudo de frente por mais complicado que possa parecer. 

Minha mãe me ajudou muito nesse fortalecimento pessoal e, anos mais tarde meus amigos também me apoiaram. 

Se o aprendizado em casa for por questões médicas, não discordo, afinal temos de preservar nosso bem estar. Porém, se for possível ir as aulas de cadeira, recomendo que vá."

E as opiniões das crianças? 
Veja o vídeo e tire suas próprias conclusões:




Veja a o que a pedagoga Liziane Constantino (minha irmã) diz em relação ao ensino domiciliar:

" Antes de tomar qualquer posição, devemos analisar cada caso de cada criança com deficiência. Existem muitas crianças que realmente não possuem condições de sair de casa,  utilizam oxigênio, não possuem um meio de transporte ou algo do gênero. Nestes casos, eu apoio este método de ensino. 

Porém, as crianças que têm condições de sair de casa, independente se é deficiência física ou intelectual, é de suma importância a convivência com outras crianças para haver a socialização e inclusão.

Mas entendo a posição destes pais. Mesmo que o Governo vem investindo na especialização e adaptação das escolas para oferecerem condições de receber, dignamente um aluno com deficiência; Ainda é grande o número de escolas despreparadas que não possuem suporte nenhum."


Este realmente é um assunto muito polêmico que deve ser bem analisado. 
Para finalizar, quero dizer que recentemente foi aprovada a Lei Brasileira da Inclusão onde novos direitos foram citados que facilitam muito a vida escolar dos estudantes. Quem quiser acessar a LBI, clique AQUI.

terça-feira, 30 de junho de 2015

APP MINHA ROTINA DIÁRIA

Aplicativo “Minha Rotina Especial”: ferramenta para pais, professores e terapeutas

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Recebemos um grande presente quando tivemos a oportunidade de conhecer o app “Minha Rotina Especial“. Lançado esse ano o app tem a proposta de ser um aliado na organização da rotina de crianças com deficiência e disfunções (Autismo, Paralisia Cerebral, Síndrome de Down, dentre outras). A ideia é que seja uma ferramenta útil para pais, professores e terapeuta na organização e manutenção da rotina da criança.  A manutenção de uma rotina é uma prática que organiza e dá sentido ao cotidiano, a rotina comunica e quando bem estruturada dá oportunidade ao desenvolvimento de habilidades.
Os criadores do app, o empresário Paulo Zamboni e o terapeuta ocupacional Regis Nepomuceno, explicam que o programa – disponível para iPads e vendido na Apple Store –  atende uma procura crescente de aplicativos para crianças com deficiência, autismo, síndromes ou déficits motores ou cognitivos e foi lançado considerando as principais demandas desse público. O objetivo é oferecer não apenas a organização da rotina, mas estímulos para o desenvolvimento das crianças e integração de informações para facilitar a comunicação entre os diferentes profissionais, ou seja, um facilitador para a criança, seus familiares e equipe especializada.
A parceria entre o empresário e o terapeuta ocupacional revela um pouco da alma do aplicativo: a integração de saberes para promover o desenvolvimento de crianças com diferentes perfis. Paulo é empresário e especialista em aplicativos, tem um filho autista que adora tecnologia e conhece bem os desafios da rotina para uma criança que precisa se preparar para cada uma de suas atividades. Já Régis tem ampla experiência em orientação e consultoria na inclusão e estimulação cognitiva, para que tanto no ambiente escolar como em casa as crianças possam participar das tarefas com a maior autonomia possível e se integrar aos diversos ambientes.
Ambos conhecem os desafios dessa rotina especial: o planejamento para tantas atividades, a importância da personalização, a comunicação entre os profissionais que atendem a criança e, não menos importante, o fascínio que a tecnologia exerce e as opções de acessibilidade, para alcançar diferentes públicos.
O conhecimento da família sobre a execução das tarefas, aquilo que a criança mostra mais resistência ou dificuldade para fazer, os interesses e características são informações que nem sempre a escola e os profissionais de reabilitação conseguem acompanhar. Promover o trabalho conjunto  e estimular o desenvolvimento da criança são alguns dos objetivos do programa. “Quanto mais as informações estiverem ao alcance de toda a equipe e quanto mais a criança participar dessa rotina, do planejamento à execução das tarefas, melhor será seu desenvolvimento”, defende Régis.
“Se a criança já usa e gosta de um aparelho, nada melhor do que fazer dele um canal de aprendizagem, lúdico e estimulante e oferecer isso para o máximo de famílias, já que tanto a rotina como a integração da comunicação entre os profissionais é um desafio comum a tanta gente”, defende Paulo.
Como funciona o aplicativo?
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Em formato de agenda, de forma lúdica e de fácil compreensão, “Minha Rotina Especial” mostra os dias da semana, dentro de cada dia as atividades e cada as etapas de cada atividade pode ser acessada ao tocar na mesma. Para tornar a função do aplicativo ainda mais intuitiva, são usadas fotos que um responsável inclui, onde também pode gravar áudio para ajudar na compreensão e orientação das etapas de cada atividade. tudo no aplicativo é personalizável, o que ajuda no reconhecimento da criança das atividades como parte da sua rotina.
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O aplicativo foi desenvolvido pensando na organização da rotina de uma criança, ou seja, aquele aplicativo será inteiramente personalizado para a rotina dela. Pensando também que a vida é feita de outros momentos que fogem da rotina, no app existe a possibilidade de personalizar os campos “Viagem” e “Imprevistos”. A ideia de Viagens é ter no aplicativo imagens do lugar para onde se vai, as pessoas que encontrará e as atividades que estão previstas, auxiliando na compreensão e na sensação de segurança da criança.  O espaço destinado a Imprevistos é ter algumas imagens que tornem mudanças e novidades na rotina mais concretas, exemplo: professora substituta, uma babá nova, ou condições climáticas que dificultem alguma atividade. A ideia é sempre transformas as mudanças em algo mais concreto possível e a criança entender que a rotina não é sempre igual, às vezes algumas tarefas previstas não são realizadas e outras, não previstas, modificam a rotina, sem que isso precise causar insegurança; assim, mostrando que até as mudanças fazem parte do cotidiano.
Além disso, o aplicativo gera relatórios das atividades para que escola,  terapeutas e familiares trabalhem juntos no processo de desenvolvimento da  criança, o que é um grande desafio: integrar informações, estabelecer objetivos e propor tarefas pertinentes à cada etapa ou desenvolvimento da criança. Mais do que um aplicativo para organizar a rotina, trata-se de um programa para acompanhar e estimular o desenvolvimento, colaborando para a autonomia da criança enquanto facilita a vida de pais e terapeutas pelo compartilhamento de informações valiosas.
Terapeutas, professores e familiares têm a oportunidade de compartilhar e de usar da mesma estratégia e recurso para manter e organizar a rotina das crianças.
Muito legal a ideia do app, não é mesmo? Vocês podem encontrá-lo na Apple Store (clica aqui) e saber mais informações do site www.minharotina.com.br
Para tirar dúvidas, a equipe envolvida no app está à disposição de vocês no contato@minharotina.com.br

V

domingo, 28 de junho de 2015

LOGOTERAPIA

COMO A LOGOTERAPIA PODE AJUDAR AS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIAS

lego
LEGO agora é coisa séria!!  Vários estudos educacionais e médicos no Reino Unido e nos EUA constataram que grupos que usaram Legos como recurso ajudaram a desenvolver e reforçar as habilidades de jogo e habilidades sociais.
Dentre os benefícios da “LEGOterapia” estão:
– Comunicação verbal e não -verbal
– Atenção
– Concentração
– Partilha e troca
– Resolução de problemas compartilhada
Como funciona “LEGOterapia”?
Prédio de peças de Lego é uma experiência multisensorial, de forma que os projetos de construção podem ser adaptados às necessidades específicas de qualquer pessoa, tais como àquelas com cegueira, surdez, deficiência de mobilidade, autismo ou TDAH. Mas o modelo para a maioria dos programas de terapia Lego é o mesmo e consiste em:
1 . Definir as regras básicas: os participantes sugerem e acordam regras simples e que todos entendam. O grupo concorda e trabalha em um projeto que não é muito fácil e também não é muito difícil. As regras são postados como um lembrete.
2 . Funções atribuídas: cada participante recebe um papel, e os papéis são alternados com os outros membros do grupo durante a tarefa. Dentre as funções, temos:
Engenheiro – supervisiona o projeto e garante que ele é seguido
Construtor – coloca os tijolos juntos
Fornecedor – mantém o controle da quantidade, do tipo e da cor dos tijolos que são necessários e repassa os tijolos para o construtor
Facilitador do grupo – garante que a equipe está trabalhando em conjunto e comunicar
3. Siga os princípios. A Terapia com Lego tem um maior benefício a longo prazo quando se incorpora alguns fundamentos:
– Ter de um tempo dedicado e um espaço para a atividade
– Usar a comunicação não-verbal, tanto quanto possível
– Usar a linguagem declarativa em vez de comandos ou perguntas
– Planejar os passos da atividade
– Incentivar a colaboração
Se isso parece muito ambicioso, comece com apenas um ou dois elementos e vá gradualmente expandindo. A grande coisa sobre Legos é que você pode começar do zero a qualquer momento.
4 . Papel de facilitadores adultos
Emoções podem ser intensificadas durante um projeto Lego. Há geralmente uma pessoa que insiste em fazer as coisas da maneira “correta”, e uma outra pessoa que gosta de experimentar coisas várias maneiras diferentes só para ver como cada um olha. Um facilitador adulto pode facilitar interações positivas, sugerir compromissos, fornecer instruções conforme necessário e manter o grupo na tarefa.
5. Tenha mais ideias
Existem vários aplicativos gratuitos que permitem a construção virtual e até o aprimoramento de ideias.
– O LEGO App4+é um  app para Android.
– Bricks & More é um aplicativo para o iPhone , iPad e Android , apropriado para as idades de 4 anos e acima.
– Lego Digital Designer é um aplicativo para as idades de 5 e para cima, e os usuários podem compartilhar suas criações no site da Lego . É uma ótima introdução ao desenho assistido por computador .
– Master Builder Academy ( MBA) é um programa de treinamento online para os construtores avançados!!
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E você já utilizou o LEGO sabendo de tudo isso? Se não, tá na hora de pesquisar e mergulhar nesse universo!
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