sexta-feira, 3 de julho de 2015

REPETIÇÕES E ESTEREOTIPIAS


Autismo: A tendência à repetição e as estereotipias

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Neste artigo encerramos a sequência de artigos sobre as estereotipias, característica típica do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Nos dois primeiros artigos sobre esse tema apresentei duas das possíveis causas desses comportamentos nessa população, são elas: 1) a restrição comportamental, ou seja, o fato de o autista não desenvolver naturalmente outros comportamentos que lhe proporcionem prazer (como, por exemplo, o brincar); e 2) a alteração sensorial, que faz com que os autistas recebam os estímulos sensoriais do ambiente de forma alterada (aumentada ou diminuída, prazerosa ou aversiva, etc.), o que pode levar a uma busca compulsiva por algumas estimulações sensoriais (por exemplo, ver objetos girarem, passar objetos no corpo, etc.).
Agora, fechamos esse assunto com a terceira possível causa do repertório estereotipado apresentado pelos portadores de TEA: a tendência à repetição propriamente dita que é um dos sintomas que compõem esse diagnóstico. Segundo o DSM-V, os autistas apresentam padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das seguintes maneiras: a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns; b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento; c. Interesses restritos, fixos e intensos.
Na prática, isso quer dizer que mudanças e situações novas geram medo, ansiedade, irritabilidade e podem evocar comportamentos disruptivos. Uma simples mudança de caminho para ir de casa até a escola pode ser o motivo para uma crise. Um banho fora de hora pode causar muito estresse. Por isso, os autistas tendem a repetir a mesma rotina, os mesmos rituais e, também, os mesmos comportamentos.
Essa tendência à repetição aparece tanto em respostas motoras como, por exemplo, balançar as mãos, pular, girar objetos, etc., quanto em respostas verbais como, por exemplo, repetir muitas vezes frases que ouviu de alguém ou na TV (ecolalias tardias); responder às perguntas sempre com a mesma resposta; repetir o que o outro acabou de falar ou o final da frase dita pelo outro (ecolalias imediatas), etc.
Os interesses também são repetitivos e restritos. Os autistas verbais costumam falar sempre sobre os mesmos assuntos e ter poucos ou até um único tema de interesse. Assim, essas pessoas querem ler, falar, assistir e ouvir apenas sobre esse tema de interesse, o que atrapalha muito as interações sociais. Afinal, para interagir com outras pessoas é preciso ouvir o que elas querem dizer e não apenas o que queremos ouvir; também é preciso falar sobre o que elas querem ouvir e não apenas sobre o que gostamos de falar.
Alguns estudos (Boucher, 1977; Baron-Cohen, 1989; Gillberg, 2005) mostram que esse comportamento repetitivo ou estereotipado dificulta a aprendizagem e a adaptação ao meio social. Afinal, com um repertório comportamental restrito, é mais difícil que novos comportamentos ocorram uma primeira vez para serem reforçados e, assim, aprendidos. Por exemplo, se a criança passa a maior parte do seu dia enfileirando objetos, há menos chances de ela manipular um objeto corretamente para que o adulto possa reforçar essa resposta e, então, fortalecê-la em seu repertório. Por outro lado, se a criança emite diferentes respostas com um objeto, há mais chances de, em algum momento, ela emitir uma resposta adequada que poderá ser reforçada e, então, aprendida.
Por isso, estudos (Denney e Neuringer, 1998; Godoi, 2009; Goetz e Baer, 1973; Grunow e Neuringer, 2002; Holman, Goetz e Baer, 1977; Marçal, 2006; Miller e Neuringer, 2000; Neuringer, Deiss e Olson, 2000; Page e Neuringer, 1985) indicam a importância de incluir no tratamento de crianças com desenvolvimento atípico, técnicas voltadas para o aumento da variabilidade comportamental. Afinal, a ampliação do repertório comportamental favorece a seleção de comportamentos novos e adaptativos.
Segundo Denney e Neuringer (1998), a variabilidade é uma dimensão do comportamento operante. Sendo assim, como as demais dimensões do comportamento operante (duração, intensidade, frequência, etc.), a variabilidade comportamental também pode ser controlada pelas consequências que produz (Denney e Neuringer, 1998; Godoi, 2009; Page e Neuringer, 1985). Isso significa que podemos reforçar o variar (respostas novas e respostas diferentes das anteriores) e, com isso, aumentar a variabilidade, ampliando o repertório comportamental da criança.
O terapeuta pode reforçar o variar de diversas formas. Por exemplo, para ampliar a variabilidade verbal, o terapeuta pode fazer uma mesma pergunta ou dar uma mesma instrução várias vezes seguidas e só reforçar as respostas que forem diferentes das anteriores. Por exemplo, pode-se dar a seguinte instrução “Fale o nome de um animal.” várias vezes seguidas e só liberar o acesso ao reforçador quando a criança responder um animal diferente do que ela disse na tentativa anterior. Para gerar maior variabilidade o terapeuta pode exigir uma resposta diferente das 2 anteriores, depois diferente das 3 anteriores, e assim por diante. Na literatura esse esquema de reforçamento recebe o nome de LAG.
O terapeuta pode, ainda, estimular comportamentos motores variados no brincar. Por exemplo, numa brincadeira de lego o terapeuta pode estimular que, a cada tentativa, a criança monte algo diferente do que montou na tentativa anterior. Para isso, o terapeuta deve dar a instrução para a criança montar algo diferente e, se necessário, dar o modelo de como variar. Finalmente, o terapeuta deve reforçar apenas a construção de formas novas ou diferentes das construídas anteriormente. O mesmo pode ser feito na modelagem com massinha ou na construção com blocos.
Fora do contexto terapêutico, familiares e professores também devem estimular a variação nos comportamentos da criança com Autismo. Por exemplo, os pais devem se sentar à mesa em lugares diferentes todos os dias, estimulando a criança a fazer o mesmo. Pequenas mudanças na rotina devem ser feitas sempre, para que a criança não fique dependente de uma mesma sequência de atividades. Vale mudar o caminho para a escola; inventar uma refeição fora de hora e num local diferente no meio do dia; dar as peças de roupa para a criança vestir numa ordem diferente da que ela está acostumada; mudar móveis de lugar; etc. Na escola, o professor também deve estimular essa variação, mudando a criança de lugar sempre; inserindo atividades não planejadas na rotina; reforçando a variação nas atividades, por exemplo, pintar com cores diferentes, desenhar formas diferentes, modelar algo diferente com a massinha, etc.

Referências:

Baron-Cohen, S. (1989). Do autistic children have obsessions and compulsions? British Journal of Clinical Psychology, 28, 193-200.
Boucher, J. (1977). Alternation and sequencing behavior, and response to novelty in autistic children. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 18, 67-72.
Denney, J. & Neuringer, A. (1998). Behavioral variability is controlled by discriminative stimuli. Animal Learning and Behavior, 26, 154-162.
Gillberg, C. (2005). Transtornos do espectro do autismo. Trabalho apresentado no Auditório do InCor, São Paulo, SP.
Godoi, J. P. (2009). A produção de variabilidade comportamental e sua extensão para outras tarefas em crianças com desenvolvimento atípico. Dissertação de mestrado não publicada. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP.
Goetz, E. M., & Baer, D. M. (1973). Social control of form diversity and the emergence of new forms in children´s blockbuilding. Journal of Applied Behavior Analysis, 6, 209-217.
Grunow, A. & Neuringer, A. (2002). Learnig to vary and varying to learn. Psychonomic Bulletin and Review, 9, 250-258.
Holman, J., Goetz, E. M., & Baer, D. M. (1977). The training of creativity as an operant and an examination of its generalization characteristics. In: Etzel, B., Le Blanc, J. & Baer, D. M. (Eds). New Developments in Behavioral Research: Theory, Method and Application. Hillsdale, NJ: Erlbaum. 441-471.
Marçal, J. V. S. (2006). Introdução gradativa versus introdução completa de uma contingência de variação operante em crianças. Tese de doutorado não publicada. Universidade de Brasília, Brasília, DF.
Miller, N., & Neuringer, A. (2000). Reinforcing variability in adolescents with autism. Journal of Applied Behavior Analysis, 33, 151-165.
Neuringer, A., Deiss, C., & Olson, G. (2000). Reinforced variability and operant learning. Journal of Experimental Psychology: Animal Behavior Processes, 26, 98-111.
Page, S. & Neuringer, A. (1985). Variability is an operant. Journal of Experimental Psychology: Animal Behavior Process, 11, 429-452.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

EU APOIO E VOCÊ????

Educação Domiciliar, Você Apoia?




Atualmente venho escutando falar bastante sobre o ensino domiciliar, aquele método onde os estudantes não frequentam as escolas e recebem as aulas em casa. 

Nas reportagens muitos pais apoiam este ensino apontando vários motivos, como por exemplo, que a criança receberá maior atenção dos professores, não correrá perigo de sofrer bullying e alegam a condição física/mental das crianças com deficiência para não participarem das aulas convencionais.
Pensando nisso, perguntei para várias pessoas quais as opiniões delas, veja:


Bruna Kroth tem 23 anos e atualmente está cursando Psicologia. 
Bruna teve suas duas pernas amputadas quando tinha 
 2 anos de idade, devido meningite com vasculite.

"Eu sempre estudei em escola pública e atualmente faço graduação em uma faculdade privada. 


Não concordo com aulas domiciliares para pessoas com deficiência, pois todos temos os mesmos direitos e isso não é inclusão social.

Eu nunca sofri bullyin por parte dos colegas, mas sei que pode acontecer. Sofri exclusão por parte de alguns professores de educação física.

Essa questão, deverá ser enfrentada de cabeça erguida,não é fácil, mas ficar em casa não é a solução.

De repente, se as escolas fossem melhores preparadas, com professores auxiliares à disposição, o ensino domiciliar nem seria discutido."


Fatine Oliveira tem 31 anos e é formada em Publicidade. Ela é cadeirante devia a Distrofia Muscular. 


"Eu sempre estudei com outros alunos sem deficiência e isso foi super importante para mim, pois na escola fiz grandes amigas para vida. Hoje tenho amizades de 20 anos por causa dessa convivência. Sou formada em publicidade e apesar das dificuldades fiz meu curso presencial.

Claro que nem tudo foi tão fácil, demorei cinco anos para vencer a timidez e conseguir socializar com os colegas no ensino fundamental. Tinha muita vergonha e cheguei a fazer xixi na roupa uma vez por causa disto. Foi horrível. 

Contudo, são as dificuldades que nos fazem evoluir e foi necessário esforçar-me para conseguir vencer essas barreiras emocionais. 

Acredito que é fundamental para pessoa com deficiência saber lidar com esses percalços da vida, porque não é fácil lidar com o preconceito e se quisermos viver felizes e normalmente devemos enfrentar tudo de frente por mais complicado que possa parecer. 

Minha mãe me ajudou muito nesse fortalecimento pessoal e, anos mais tarde meus amigos também me apoiaram. 

Se o aprendizado em casa for por questões médicas, não discordo, afinal temos de preservar nosso bem estar. Porém, se for possível ir as aulas de cadeira, recomendo que vá."

E as opiniões das crianças? 
Veja o vídeo e tire suas próprias conclusões:




Veja a o que a pedagoga Liziane Constantino (minha irmã) diz em relação ao ensino domiciliar:

" Antes de tomar qualquer posição, devemos analisar cada caso de cada criança com deficiência. Existem muitas crianças que realmente não possuem condições de sair de casa,  utilizam oxigênio, não possuem um meio de transporte ou algo do gênero. Nestes casos, eu apoio este método de ensino. 

Porém, as crianças que têm condições de sair de casa, independente se é deficiência física ou intelectual, é de suma importância a convivência com outras crianças para haver a socialização e inclusão.

Mas entendo a posição destes pais. Mesmo que o Governo vem investindo na especialização e adaptação das escolas para oferecerem condições de receber, dignamente um aluno com deficiência; Ainda é grande o número de escolas despreparadas que não possuem suporte nenhum."


Este realmente é um assunto muito polêmico que deve ser bem analisado. 
Para finalizar, quero dizer que recentemente foi aprovada a Lei Brasileira da Inclusão onde novos direitos foram citados que facilitam muito a vida escolar dos estudantes. Quem quiser acessar a LBI, clique AQUI.

terça-feira, 30 de junho de 2015

APP MINHA ROTINA DIÁRIA

Aplicativo “Minha Rotina Especial”: ferramenta para pais, professores e terapeutas

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Recebemos um grande presente quando tivemos a oportunidade de conhecer o app “Minha Rotina Especial“. Lançado esse ano o app tem a proposta de ser um aliado na organização da rotina de crianças com deficiência e disfunções (Autismo, Paralisia Cerebral, Síndrome de Down, dentre outras). A ideia é que seja uma ferramenta útil para pais, professores e terapeuta na organização e manutenção da rotina da criança.  A manutenção de uma rotina é uma prática que organiza e dá sentido ao cotidiano, a rotina comunica e quando bem estruturada dá oportunidade ao desenvolvimento de habilidades.
Os criadores do app, o empresário Paulo Zamboni e o terapeuta ocupacional Regis Nepomuceno, explicam que o programa – disponível para iPads e vendido na Apple Store –  atende uma procura crescente de aplicativos para crianças com deficiência, autismo, síndromes ou déficits motores ou cognitivos e foi lançado considerando as principais demandas desse público. O objetivo é oferecer não apenas a organização da rotina, mas estímulos para o desenvolvimento das crianças e integração de informações para facilitar a comunicação entre os diferentes profissionais, ou seja, um facilitador para a criança, seus familiares e equipe especializada.
A parceria entre o empresário e o terapeuta ocupacional revela um pouco da alma do aplicativo: a integração de saberes para promover o desenvolvimento de crianças com diferentes perfis. Paulo é empresário e especialista em aplicativos, tem um filho autista que adora tecnologia e conhece bem os desafios da rotina para uma criança que precisa se preparar para cada uma de suas atividades. Já Régis tem ampla experiência em orientação e consultoria na inclusão e estimulação cognitiva, para que tanto no ambiente escolar como em casa as crianças possam participar das tarefas com a maior autonomia possível e se integrar aos diversos ambientes.
Ambos conhecem os desafios dessa rotina especial: o planejamento para tantas atividades, a importância da personalização, a comunicação entre os profissionais que atendem a criança e, não menos importante, o fascínio que a tecnologia exerce e as opções de acessibilidade, para alcançar diferentes públicos.
O conhecimento da família sobre a execução das tarefas, aquilo que a criança mostra mais resistência ou dificuldade para fazer, os interesses e características são informações que nem sempre a escola e os profissionais de reabilitação conseguem acompanhar. Promover o trabalho conjunto  e estimular o desenvolvimento da criança são alguns dos objetivos do programa. “Quanto mais as informações estiverem ao alcance de toda a equipe e quanto mais a criança participar dessa rotina, do planejamento à execução das tarefas, melhor será seu desenvolvimento”, defende Régis.
“Se a criança já usa e gosta de um aparelho, nada melhor do que fazer dele um canal de aprendizagem, lúdico e estimulante e oferecer isso para o máximo de famílias, já que tanto a rotina como a integração da comunicação entre os profissionais é um desafio comum a tanta gente”, defende Paulo.
Como funciona o aplicativo?
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Em formato de agenda, de forma lúdica e de fácil compreensão, “Minha Rotina Especial” mostra os dias da semana, dentro de cada dia as atividades e cada as etapas de cada atividade pode ser acessada ao tocar na mesma. Para tornar a função do aplicativo ainda mais intuitiva, são usadas fotos que um responsável inclui, onde também pode gravar áudio para ajudar na compreensão e orientação das etapas de cada atividade. tudo no aplicativo é personalizável, o que ajuda no reconhecimento da criança das atividades como parte da sua rotina.
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O aplicativo foi desenvolvido pensando na organização da rotina de uma criança, ou seja, aquele aplicativo será inteiramente personalizado para a rotina dela. Pensando também que a vida é feita de outros momentos que fogem da rotina, no app existe a possibilidade de personalizar os campos “Viagem” e “Imprevistos”. A ideia de Viagens é ter no aplicativo imagens do lugar para onde se vai, as pessoas que encontrará e as atividades que estão previstas, auxiliando na compreensão e na sensação de segurança da criança.  O espaço destinado a Imprevistos é ter algumas imagens que tornem mudanças e novidades na rotina mais concretas, exemplo: professora substituta, uma babá nova, ou condições climáticas que dificultem alguma atividade. A ideia é sempre transformas as mudanças em algo mais concreto possível e a criança entender que a rotina não é sempre igual, às vezes algumas tarefas previstas não são realizadas e outras, não previstas, modificam a rotina, sem que isso precise causar insegurança; assim, mostrando que até as mudanças fazem parte do cotidiano.
Além disso, o aplicativo gera relatórios das atividades para que escola,  terapeutas e familiares trabalhem juntos no processo de desenvolvimento da  criança, o que é um grande desafio: integrar informações, estabelecer objetivos e propor tarefas pertinentes à cada etapa ou desenvolvimento da criança. Mais do que um aplicativo para organizar a rotina, trata-se de um programa para acompanhar e estimular o desenvolvimento, colaborando para a autonomia da criança enquanto facilita a vida de pais e terapeutas pelo compartilhamento de informações valiosas.
Terapeutas, professores e familiares têm a oportunidade de compartilhar e de usar da mesma estratégia e recurso para manter e organizar a rotina das crianças.
Muito legal a ideia do app, não é mesmo? Vocês podem encontrá-lo na Apple Store (clica aqui) e saber mais informações do site www.minharotina.com.br
Para tirar dúvidas, a equipe envolvida no app está à disposição de vocês no contato@minharotina.com.br

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domingo, 28 de junho de 2015

LOGOTERAPIA

COMO A LOGOTERAPIA PODE AJUDAR AS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIAS

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LEGO agora é coisa séria!!  Vários estudos educacionais e médicos no Reino Unido e nos EUA constataram que grupos que usaram Legos como recurso ajudaram a desenvolver e reforçar as habilidades de jogo e habilidades sociais.
Dentre os benefícios da “LEGOterapia” estão:
– Comunicação verbal e não -verbal
– Atenção
– Concentração
– Partilha e troca
– Resolução de problemas compartilhada
Como funciona “LEGOterapia”?
Prédio de peças de Lego é uma experiência multisensorial, de forma que os projetos de construção podem ser adaptados às necessidades específicas de qualquer pessoa, tais como àquelas com cegueira, surdez, deficiência de mobilidade, autismo ou TDAH. Mas o modelo para a maioria dos programas de terapia Lego é o mesmo e consiste em:
1 . Definir as regras básicas: os participantes sugerem e acordam regras simples e que todos entendam. O grupo concorda e trabalha em um projeto que não é muito fácil e também não é muito difícil. As regras são postados como um lembrete.
2 . Funções atribuídas: cada participante recebe um papel, e os papéis são alternados com os outros membros do grupo durante a tarefa. Dentre as funções, temos:
Engenheiro – supervisiona o projeto e garante que ele é seguido
Construtor – coloca os tijolos juntos
Fornecedor – mantém o controle da quantidade, do tipo e da cor dos tijolos que são necessários e repassa os tijolos para o construtor
Facilitador do grupo – garante que a equipe está trabalhando em conjunto e comunicar
3. Siga os princípios. A Terapia com Lego tem um maior benefício a longo prazo quando se incorpora alguns fundamentos:
– Ter de um tempo dedicado e um espaço para a atividade
– Usar a comunicação não-verbal, tanto quanto possível
– Usar a linguagem declarativa em vez de comandos ou perguntas
– Planejar os passos da atividade
– Incentivar a colaboração
Se isso parece muito ambicioso, comece com apenas um ou dois elementos e vá gradualmente expandindo. A grande coisa sobre Legos é que você pode começar do zero a qualquer momento.
4 . Papel de facilitadores adultos
Emoções podem ser intensificadas durante um projeto Lego. Há geralmente uma pessoa que insiste em fazer as coisas da maneira “correta”, e uma outra pessoa que gosta de experimentar coisas várias maneiras diferentes só para ver como cada um olha. Um facilitador adulto pode facilitar interações positivas, sugerir compromissos, fornecer instruções conforme necessário e manter o grupo na tarefa.
5. Tenha mais ideias
Existem vários aplicativos gratuitos que permitem a construção virtual e até o aprimoramento de ideias.
– O LEGO App4+é um  app para Android.
– Bricks & More é um aplicativo para o iPhone , iPad e Android , apropriado para as idades de 4 anos e acima.
– Lego Digital Designer é um aplicativo para as idades de 5 e para cima, e os usuários podem compartilhar suas criações no site da Lego . É uma ótima introdução ao desenho assistido por computador .
– Master Builder Academy ( MBA) é um programa de treinamento online para os construtores avançados!!
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E você já utilizou o LEGO sabendo de tudo isso? Se não, tá na hora de pesquisar e mergulhar nesse universo!
Se você quer conhecer atividades contextualizadas para serem usadas na terapia e estimulação cognitiva, conheça nossos cadernos de exercícios! Todas as questões foram pensadas a partir do cotidiano. Clique aqui e saiba mais! 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

OS FRANCESES E O TDAH




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Por que as crianças francesas não têm Déficit de Atenção?

Como é que a epidemia do Déficit de Atenção, que tornou-se firmemente estabelecida em vários países do mundo, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?

por Marilyn Wedge, em Psichology Today 
Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
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Déficit de Atenção em crianças francesas é inferior a 0,5% (Foto: Ilustração)
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre – que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.

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